COP 28 encerra com acordo histórico sobre transição de combustíveis fósseis
Ontem (13) foi o último dia da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), um evento que reuniu líderes, cientistas, ativistas e cidadãos preocupados em buscar soluções para a crise climática que enfrentamos.
Foram 14 dias de evento em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com uma notável cooperação global, determinação e comprometimento. O evento encerrou um dia depois do previsto, devido à uma decisão que ainda estava em discussão.
Durante a COP 28, compromissos foram firmados para reduzir as emissões de carbono, proteger florestas e oceanos, promover energias renováveis e fortalecer a resiliência das comunidades mais afetadas pelas mudanças climáticas.
Continue a leitura e confira um balanço do maior evento climático do mundo!
Redução dos combustíveis fósseis como tema central
Durante a COP 28, foi aprovado um texto final que propõe a redução gradual do consumo global de combustíveis fósseis como uma medida crucial para evitar os impactos mais severos das mudanças climáticas.
O acordo estipula que os países devem realizar a transição completa dos combustíveis fósseis até 2050, uma data crucial definida pela ONU para interromper as emissões de gases de Efeito Estufa. Entretanto, não especifica os métodos ou os recursos financeiros necessários para essa mudança.
O documento inclui várias diretrizes relacionadas à energia, como a meta de triplicar a capacidade das energias renováveis e duplicar a taxa de melhoria da eficiência energética até 2030. Além disso, destaca a urgência de acelerar a implementação de tecnologias para captura e armazenamento de carbono.
A questão da eliminação dos combustíveis fósseis é um dos temas mais delicados das negociações climáticas desde a criação da Convenção-Quadro de Clima da ONU, em 1992, devido à sua responsabilidade por 75% das emissões de gases de Efeito Estufa decorrentes das atividades humanas.
Justiça Climática
Um dos temas centrais que emergiu da COP 28 foi a justiça climática. Reconheceu-se a necessidade de abordar as disparidades e desigualdades existentes na luta contra as mudanças climáticas. O diálogo sobre como garantir que as comunidades mais vulneráveis tenham voz e recursos para se adaptar e mitigar os impactos climáticos foi um destaque.
Fundos de perdas e danos
Um avanço significativo da COP 28 foi a aprovação do Fundo de Perdas e Danos, destinado a ajudar os países mais pobres a enfrentarem os impactos climáticos.
Esse fundo recebeu promessas de doações dos países mais ricos totalizando US$ 420 milhões. Nos quatro primeiros anos, a gestão do fundo estará a cargo do Banco Mundial, porém, com condições específicas garantindo um acesso rápido e justo para os países que precisarem desses recursos.
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Fundo Amazônia
Na segunda-feira (11), o governo da Noruega revelou sua contribuição adicional de US$ 50 milhões (cerca de R$ 245 milhões) para o Fundo Amazônia. Durante um evento celebrando os 15 anos do Fundo, o ministro norueguês para o clima, Andreas Bjelland Eriksen, fez o anúncio em conjunto com a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante a COP 28.
Confira todas as doações para o Fundo Amazônia:
- Reino Unido: R$ 215 milhões;
- Dinamarca: R$ 105 milhões;
- Alemanha: R$ 110 milhões;
- Governo britânico: R$ 500 milhões;
- União Europeia: R$ 110 milhões;
- Suíça: R$ 30 milhões;
- Estados Unidos: R$ 15 milhões.
O Fundo Amazônia surgiu em 2008 e tem como objetivo arrecadar doações destinadas a investimentos que visam a prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, assim como a promoção, conservação e uso sustentável da Amazônia Legal. A gestão dos repasses é conduzida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que não só administra a captação de recursos, mas também monitora os projetos apoiados.
Brasil na COP 28
Sob a orientação da ministra Marina Silva, o Brasil desempenhou um papel ativo e engajado nas negociações, evidenciando o compromisso brasileiro em prol da redução dos impactos climáticos.
A ministra Marina Silva expressou que um acordo fundamental foi aprovado na conferência, o qual materializa os compromissos assumidos no Acordo de Paris. “Aprovamos aqui um acordo basilar, que dá concretude aos compromissos que assumimos no âmbito do Acordo de Paris.O compromisso que acabamos de assumir redireciona nossas ambições, mas também nossas responsabilidades. O nosso comprometimento em todas as suas dimensões: mitigação, adaptação e meios de implementação, alinhados a 1,5°C, são agora incontornáveis”, afirma. Segundo Marina Silva, pela primeira vez, o Brasil sai da COP com “um mapa com a trajetória” para guiar o caminho para o alcance das metas.
A próxima edição da COP já tem local e data marcada. Em 2024, a COP acontecerá na cidade de Baku, localizada no Azerbaijão.