COP27 encerra com novo fundo contra perdas e danos climáticos

COP27 encerra com novo fundo contra perdas e danos climáticos

 

Confira um balanço do maior encontro climático do mundo, que teve encerramento no dia 20 de novembro, no Egito

 

Entre os dias 6 e 20 de novembro, a cidade de Sharm El Sheikh, no Egito, foi  palco de conversas decisivas sobre o gerenciamento das mudanças climáticas, sediando a  27 Conferência do Clima das Nações Unidas (COP), maior encontro climático do mundo.

Foram 14 dias de discussões sobre temáticas importantes e uma oportunidade para a comunidade internacional fomentar o combate às mudanças climáticas e o plano de um futuro sustentável para todos. A conferência reuniu líderes mundiais, cientistas, membros da sociedade civil e representantes da ONU para a identificação de soluções para combater a crise climática e tornar viáveis as implementações.

Medidas de adaptação e resiliência; transição energética; desmatamento; auxílio aos países menos desenvolvidos foram alguns tópicos discutidos pelos líderes globais. Todos os países que ratificaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) participaram dessa edição, somando 198 territórios. A conferência de duas semanas reúne as Partes com líderes mundiais, especialistas científicos, membros da sociedade civil e representantes da ONU para identificar soluções para a crise climática e viabilizar implementações.

A COP 27 acontece em um momento instável, levando em consideração a guerra entre Rússia e Ucrânia, e de agravamento dos efeitos das mudanças climáticas. A 27a edição do evento foi importante para a reafirmação das metas estipuladas em convenções anteriores e para garantir que sejam cumpridas as ações urgentes no âmbito climático, visando reduzir o impacto negativo das mudanças climáticas e propiciar um futuro mais sustentável às próximas gerações.

A seguir, entenda os pontos que apresentaram avanço na COP 27 e as pendências que ficaram para serem discutidas na próxima edição.

Assuntos abordados na COP27

 

A 27ª edição da COP promoveu discussões acerca de diversos temas ligados à emergência climática e às medidas de como mitigar os seus efeitos no futuro próximo, principalmente, levando em conta as metas estabelecidas no Acordo de Paris. Os tópicos abaixo tiveram, inclusive, participação da comissão brasileira nas discussões:

  • Mercado de créditos de carbono e o alcance de um mundo mais verde;
  • Agricultura sustentável e a aplicação de práticas sustentáveis no agronegócio;
  • Transição energética: adoção de uma matriz energética mais limpa e sustentável;
  • Desmatamento nos biomas brasileiros, com destaque para a Amazônia
  • Garantia de segurança alimentar, sobretudo, nos países subdesenvolvidos
  • Impactos das mudanças climáticas na biodiversidade em todas as esferas:
    Ecossistemas terrestres e marítimos e as medidas para impedir a degradação das espécies
  • Estratégias para combater a escassez e as secas
  • Liderança e participação das mulheres nas ações climáticas.

 

Marco da edição: Criação de fundo para perdas e danos

 

Pela primeira vez, a agenda do evento contemplou a criação de um fundo para lidar com as perdas e danos causados pelas mudanças climáticas. Esse foi um destaque na cúpula deste ano e trata-se do apoio aos países considerados mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.  O dia 18 foi decisivo para a temática, pois a União Europeia fez uma oferta e, dois dias depois, o acordo foi firmado.

Os países doadores exigiram que o dinheiro canalizado para os países menos desenvolvidos esteja de acordo com as metas do Acordo de Paris. Houve certa relutância da parte quanto à essa condição para utilização do fundo, entretanto, agora essas negociações só serão retomadas na próxima COP, em 2023.

O plano é uma vitória para os países mais vulneráveis, que pressionam por essa mudança há um bom tempo. O fundo para perdas e danos diz respeito aos estragos que alguns países não conseguem prevenir ou se adaptar com seus recursos atuais. Países que são exemplos disso são o Paquistão e a Nigéria, que enfrentaram enchentes históricas este ano.

Combustíveis fósseis

 

Na última edição da COP, em Glasgow, foi firmado o objetivo de uma redução gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis e da utilização do carvão. Na ocasião, a Índia fez um apelo para que o petróleo e gás fossem reduzidos também, mas a proposta acabou não sendo aprovada. Juntamente com representantes chineses, a Índia também pediu para que a expressão “eliminar gradativamente” fosse alterada por “reduzir gradativamente”, antes que o texto final sobre o uso desses combustíveis fosse aprovado.

Na edição deste ano, os ambientalistas fizeram uma crítica ao recorde na presença de lobistas do setor, em meio às discussões da cúpula. Além disso, reforçaram a importância do progresso dessa discussão. Também houve um desapontamento em razão da conferência de Sharm el-Sheikh incluir energia de “baixa emissão”- que contempla gás natural, um combustível fóssil – em uma resolução sobre a transição para energia limpa. Foram firmados vários pactos entre as nações ricas e em desenvolvimento nos últimos meses, com o objetivo de agilizar essa mudança rumo à energia limpa.

Em resumo:

  • Não houve alterações no texto final, que segue com os mesmos termos estabelecidos em Glasgow.
  • Também não foi estipulado um limite para as emissões até 2025.


Sobre o metano

 

Na última edição da COP, em Glasgow, vários países, incluindo os Estados Unidos, formaram uma aliança para se comprometer a reduzir em um terço a quantidade de metano liberado na atmosfera até o ano de 2030.
Neste ano, a lista de países que se comprometeram com esse objetivo cresceu ainda mais na COP27, contemplando cerca de 150 nações, incluindo, até mesmo, a China, que afirmou trabalhar para reduzir as emissões de metano.

Meta de temperatura global

 

Durante as discussões na COP 27, os países se comprometeram a manter a meta de 1,5ºC para a redução da temperatura global. Sobre o estabelecimento da meta, o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou: “O mundo ainda precisa de um salto gigantesco na ambição climática. A linha vermelha que não devemos cruzar é a linha que leva nosso planeta acima do limite de temperatura de 1,5 graus”. Segundo o chefe da ONU, é preciso um investimento significativo em energias renováveis para manter viva a meta de 1,5°C, acabando, segundo ele, com o “vício em combustíveis fósseis”.

Do ponto de vista dos cientistas, as chances de diminuir para limitar o aquecimento global a 1,5 são cada vez menores, levando em conta que, ao invés de diminuir, as emissões de gases do Efeito Estufa vêm aumentando consideravelmente.
No evento, não houve definições sobre a meta que devemos atingir até 2025 para que o aquecimento do planeta não ultrapasse o limite de 1,5°C até 2100.


Brasil na COP 27

 

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, marcou presença na 27 edição da COP e declarou no evento o compromisso de seu governo em acabar com o desmatamento até o ano de 2030. Segundo ele, do mesmo modo que os países se comprometeram ao assinar a Declaração de Líderes de Glasgow sobre Florestas, o Brasil não medirá esforços para acabar com o desmatamento e a degradação dos biomas até a data estipulada.

Além da geração da exploração responsável da biodiversidade da Amazônia, Lula afirmou também que a agenda climática será prioridade, tendo o agronegócio como aliado estratégico do governo. Segundo o presidente eleito, “a produção agrícola sem equilíbrio ambiental deve ser considerada uma ação do passado”.

Outros pontos com os quais Lula se comprometeu na COP 27:

  • Busca pela regeneração do solo em todos os biomas
  • Aumento de renda para os agricultores e pecuaristas
  • Busca por uma agricultura regenerativa e sustentável
  • Investimento em ciência e tecnologia
  • Valorização dos conhecimentos das comunidades locais
  • Incentivo às ações de combate aos crimes ambientais

Neste ano, Lula ofereceu o Brasil como sede da COP 30, que acontece em 2025. Além disso, ele propôs a realização da Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica. Nas palavras do presidente eleito, o objetivo é que o “Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela possam, pela primeira vez, discutar de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática”.


Declaração final

 

No encerramento do evento, a  COP 27 teve uma declaração final salientando a necessidade urgente de “reduções imediatas, profundas, oportunas  e sustentadas nas emissões globais de gases do efeito estufa“, responsáveis pelas mudanças climáticas.
Lembrando que alguns aspectos do marco desta edição (fundo para perdas e danos) são aspectos importantes que ainda serão discutidos na COP 28, como:

  • Quem serão os países doadores
  • Quais serão as fontes de recursos
  • Quais serão os países que receberão o dinheiro
  • Quais os critérios para definir quem é vulnerável

Todos esses pontos serão pensados por um comitê que deve apresentar uma proposta até a COP 28, que acontecerá em Dubai, nos Emirados Árabes.

Diante dessa urgência de redução das emissões evidenciada na COP 27, vale lembrar que toda jornada de descarbonização tem um começo. Você pode dar esse primeiro passo com o Genio Carbon, software criado para facilitar a mensuração e o gerenciamento  das emissões de gases do Efeito Estufa. A construção de inventários de um jeito simples, transparente e seguro.

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