O que é crédito de carbono?

O que é Crédito de Carbono?

Entenda o que é crédito de carbono, como funciona esse mercado e como são os projetos nesse âmbito

O desenvolvimento sustentável é, atualmente, um dos temas mais discutidos em todas as esferas. Seguindo essa linha, os créditos de carbono são um importante mecanismo que possuem relação direta com o tema. Convidamos você a conferir uma explicação clara sobre o que é crédito de carbono, qual a importância e como funciona esse mercado. Vamos lá?

 

Relação entre efeito estufa e aumento da temperatura na Terra

 

Efeito estufa e aumento da temperatura

 

Embora o Efeito Estufa seja um fenômeno natural, com o passar do tempo, principalmente, desde o período da Revolução Industrial, a emissão de gases do Efeito Estufa vêm crescendo aceleradamente, implicando no aumento da temperatura terrestre e contribuído com o processo de aquecimento global.

Esses fatores têm gerado uma preocupação ainda mais intensa nos últimos anos, tanto para comunidade científica, quanto para os governos mundiais.

Além disso, outras consequências graves são desencadeadas, alguns exemplos são:

  • aumento desses gases como, por exemplo;
  • descongelamento das geleiras dos polos Norte e Sul;
  • extinção de espécies da fauna e flora;
  • buracos na camada de ozônio
  • mudanças significativas na temperatura, decorrentes das mudanças climáticas e outras consequências diretas e indiretas.

Diante desse cenário, o mercado de Créditos de Carbono surge como uma iniciativa que tem por objetivo a redução da emissão de gases poluentes, principais responsáveis pelo Efeito Estufa.

 

Mas o que é, de fato, Crédito de Carbono?

 

Basicamente, corresponde a uma forma de poder de compra que tem como base a redução das emissões de gases do Efeito Estufa. Isso mesmo. Estamos falando da comercialização da redução de gases do Efeito Estufa.

Cada crédito de carbono corresponde a uma tonelada de Dióxido de Carbono Equivalente (t CO2e). Essa é a medida levada em consideração para calcular a redução de gases do Efeito Estufa e seu valor de comercialização.

Então, é importante você entender um pouco mais sobre o surgimento do conceito de crédito de carbono e, logo depois, sobre como funciona a comercialização desses créditos.

 

Voltando no tempo…

 

Para compreender um pouco mais sobre todo esse cenário e sobre o que são, de fato, Créditos de Carbono, é necessário voltar um pouco no tempo. Em 1988, foi criado o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, em inglês – com a intenção de  custear os governos em suas políticas ambientais.

O primeiro relatório do IPCC foi finalizado em 1990 com a constatação de que a principal causa das alterações no clima do planeta está ligada ao acúmulo de GEEs (Gases do Efeito Estufa) na atmosfera, desencadeados, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis. Estamos falando dos gases:

  • Dióxido de carbono (CO2)
  • Metano (CH4)
  • Óxido nitroso (N2O)
  • Hexafluoreto de enxofre (SF6)
  • Hidrofluorcarbono (HFC)
  • Perfluorocarbono (PFC)

Em 1995, na Alemanha, acontece a primeira Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, mais conhecida como Conferência das Partes (COP).

 

Protocolo de Kyoto e Acordo de Paris

 

Entretanto, o conceito de crédito de carbono surge pela primeira vez em 1997, na COP3, com o Protocolo de Kyoto, documento assinado por vários países com o mesmo objetivo: reduzir a emissão dos gases do Efeito Estufa no planeta, visando o combate às mudanças climáticas. O acordo internacional possuía diretrizes e planos para reduzir o impacto dos problemas ambientais.

Apesar de ter surgido em 1997, o Protocolo de Kyoto entrou em vigor apenas em 2005. O documento estabeleceu que entre os anos de 2008 e 2012, os países desenvolvidos deveriam diminuir em 5,2% suas emissões de gases do efeito estufa, em comparação aos níveis constatados em 1990.

Embora tenha um propósito coletivo, cada país que assinou o Protocolo de Kyoto desenvolveu suas metas individuais seguindo sua fase de desenvolvimento. Sendo assim, os países em desenvolvimento tiveram “permissão” para aumentarem suas emissões. O princípio do tratado é de que a maior obrigação de reduzir as emissões de gases está atrelada, em maior peso, aos países desenvolvidos porque, seguindo uma lógica, historicamente, eles têm maior responsabilidade sobre as concentrações atuais de gases do Efeito Estufa na atmosfera. As definições sobre as metas estavam dispostas no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), originado pelo Protocolo de Kyoto, que prevê a redução das emissões de maneira certificada.

Em 2015, o Protocolo de Kyoto foi substituído pelo Acordo de Paris. O documento, assinado por 195 países, passou a valer em 2020 e obriga que todos os países, e não apenas as nações desenvolvidas, participem com o estabelecimento de metas que envolvam o comprometimento ligado à redução da emissão de gases do Efeito Estufa.

Todavia, no Acordo de Paris, fica a critério de cada país como quer definir as metas e investir na redução de emissões, com a escolha do quanto quer reduzir e de quem deseja comprar os créditos de carbono.

 

Mercado de Carbono

 

Com o objetivo reduzir o desequilíbrio de emissões de gases entre os países desenvolvidos e menos desenvolvidos, já com o Protocolo de Kyoto foi estabelecido  o “mercado de carbono” que, resumidamente, funciona da seguinte forma: os países desenvolvidos que não conseguem, por exemplo, substituir o carvão e o petróleo ou reduzir a emissão de gases poluentes a curto prazo podem compensar parte de suas emissões comprando créditos de carbono de países que emitiram menos e tiveram suas emissões abaixo do limite estabelecido.

Basicamente, é o equilíbrio entre quem polui mais e quem já está tirando o CO2 da atmosfera. Os países mais poluentes compram créditos dos que “poluem pouco”. Desta forma:

 

Uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera = 1 crédito de carbono

Ou, então:

Empresas que produzem carbono “a menos” podem comercializar esse saldo para as que produzem maior quantidade de carbono

 Os créditos de carbono foram criados como uma forma de compensar a emissão de gás desse gás . Portanto, ao adquirir um crédito de carbono, você confirma que uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) deixou de ser emitida para a atmosfera. A lógica é incentivar os setores da economia a se descarbonizar e compreender essa urgência por mudanças.

 

E para onde vai o valor pago nos créditos de carbono?

 

Após entender o que é um crédito de carbono e entender que estamos falando de um mercado sustentável, você deve estar se perguntando para onde vai esse valor quando um país, setor ou empresa compra esses créditos.

Os créditos de carbono são destinados ao apoio de iniciativas que visam a redução de emissão de gases do Efeito Estufa.

Geralmente, esses projetos estão ligados à geração de energia renovável, plantio de árvores, aterros sanitários destinados à captura e queima de gases, dentre outras iniciativas que tem por objetivo fazer com que o carbono “não volte para a atmosfera”. Na agricultura regenerativa , por exemplo, os fazendeiros adotam práticas que fazem com que o carbono fique preso no solo, através de bioferrolozantes.

Esses créditos são comercializados a fim de compensar as emissões de gases do Efeito Estufa oriundos das indústrias, eventos e organizações e viabilizar a manutenção de projetos sustentáveis.

 

Como é realizado um projeto de crédito de carbono?

 

 Para ser reconhecido como um projeto de carbono, as iniciativas nesse âmbito devem seguir padrões internacionais, de acordo com suas especificidades ligadas aos diferentes aspectos tecnológicos.

 

1- Análise

Após o registro de um projeto, é realizada a projeção do volume de créditos equivalentes à iniciativa, ou seja, quantos créditos  “valem” determinado projeto e a autorização para emitir esses créditos a partir da operação. A análise do valor total de créditos dependerá da realização das atividades.

2 – Acompanhamento do projeto

Depois da avaliação e acompanhamento do projeto, é possível perceber o nível de redução ou remoção de emissão decorrente da sua operação e aí verificar a geração de créditos equivalentes à essa redução.

3 – Comercialização de créditos

A partir disso, por fim, acontece a comercialização desses créditos no mercado. Quando esses créditos são adquiridos por determinada empresa, que deseja compensar suas emissões, eles são “aposentados”, não podendo mais ser comercializados.

 

 

Vantagens de fazer parte do mercado de carbono

 

Através da geração de créditos de carbono, algumas das vantagens são:

  • Criação de vantagem competitiva e posicionamento em relação à concorrência
  • Melhoria da reputação da empresa e valor de marca
  • Apoio à uma economia de baixo carbono e à uma economia sustentável
  • Avanço na pontuação em relatórios de sustentabilidade
  • Ampliar as atividades econômicas, com a venda de créditos de carbono e incentivar práticas sustentáveis

O mercado de carbono é um dos caminhos para o cumprimento de políticas em prol do combate ao aquecimento global. Além disso, é um importante meio pois atribui valor ao carbono na economia e incentiva um modelo econômico sustentável, baseado em operações que tenham maior cuidado com a emissão de gases do Efeito Estufa e que trabalhem

 

Como fazer parte dessa economia descarbonizada?

 

Cada empresa possui a sua “pegada de carbono”, que nada mais é do que a quantidade total de gases do Efeito Estufa que são gerados nos seus processos de produção. O primeiro passo para fazer parte de uma economia descarbonizada é entender os impactos que cada serviço ou produto tem.

Esse cálculo se baseia na metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que serve para mensurar as emissões em cada etapa do ciclo de vida de um produto ou serviço.

Para avaliar a possibilidade de trabalhar com créditos de carbono, é necessário ter o seu próprio inventário de emissões de Gases do Efeito Estufa e visualizar, de modo claro, as origens desses gases e a quantidade lançada à atmosfera.

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